Seminário debate mortalidade materna e violência contra a mulher

‘Morte materna e violência contra a mulher’ foi o tema de debate da mesa redonda que abriu a programação do seminário que aconteceu hoje, dia 20, na sede do Ministério Público estadual, no CAB. A médica e doutora em saúde coletiva pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBa), Greice Maria de Souza Menezes, e a secretária de Políticas para as Mulheres, Julieta Palmeira, participaram do debate junto com a mediadora da mesa Márcia Silveira, representante do Comitê Estadual de Estudo da Mortalidade Materna na Bahia (CEEMM). A promotora de Justiça Mirella Brito, coordenadora do ‘Projeto Cegonha: Efetivando a Dignidade’, falou sobre a importância da estruturação dos órgãos que integram a Rede de Atenção com o intuito de oferecer melhores condições de assistência materna e infantil no estado da Bahia. “Esse seminário representa mais uma oportunidade para discutirmos de forma aprofundada as diretrizes para a implantação da Rede Cegonha no nosso estado”, afirmou a promotora de Justiça.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 830 mulheres morrem por dia no mundo durante a gestação, no parto ou até 42 dias após o parto. As causas dessas mortes, conhecidas como morte materna, podem ser classificadas como morte materna direta, decorrentes de doenças específicas da gestação, ou indireta, quando ocorrem em razão de uma complicação prévia como doenças do coração. “Mulheres em situação de vulnerabilidade social formam o perfil da maioria das grávidas ou puérperas que morrem por causas maternas. Elas são duplamente penalizadas porque além de viverem em situações precárias, têm pouco acesso aos serviços básicos de saúde”, afirmou a médica Greice Menezes. Ela complementou que os óbitos maternos associados a causas externas como a violência também “podem ser considerados como tipos de morte materna. Esses números de óbitos são considerados indicadores de qualidade de vida de uma sociedade. Por exemplo, mulheres vítimas de violência doméstica em geral realizam o pré-natal mais tarde e têm maiores chances de ter depressão”, destacou. No contexto da violência e morte materna, a médica Greice Menezes falou ainda sobre o racismo que permeia essa relação. “O risco de morte materna das mulheres negras é três vezes maior do que a morte com as mulheres brancas”, afirmou.

A secretária Julieta Palmeira falou sobre a importância de se discutir a morte materna numa perspectiva de gênero. “O machismo mata 71% mais mulheres negras do que brancas”, ressaltou. Para a promotora de Justiça Mirella Brito, esses dados demonstram ainda a necessidade de uma atuação ‘eficiente’ do MP nessa área. “É importante que nós, enquanto órgãos que integram a Rede de Atenção, saibamos que ainda há uma cultura social em que as mulheres se submetem a diversos tipos de violência”. A programação do seminário incluiu também debates sobre casos de óbitos maternos no contexto da violência doméstica, sobre hemorragia no óbito materno e hipertensão no óbito fetal e materno; e palestras sobre os temas ‘Panorama da morte materna’ e ‘Acesso ao sistema para identificação de óbito materno’. Realizado por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (Cesau) e do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), o evento contou ainda com uma apresentação artística do Grupo de Teatro da Maternidade Climério de Oliveira. Estiveram presentes membros e servidores do MP, gestores e profissionais da área de saúde, além de conselheiros de classe, organizações sociais e órgãos de controle.

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